22/12/2008

Documento final do Seminário Índios Isolados

Mapa: Maurício Galvão/Biblioteca da Floresta Marina Silva

“ÍNDIOS ISOLADOS E DINÂMICAS FRONTEIRIÇAS NO ESTADO DO ACRE: POLÍTICAS OFICIAIS E AGENDAS FUTURAS PARA SUA PROTEÇÃO”

O Seminário ocorreu no Centro de Formação dos Povos da Floresta, na cidade de Rio Branco-Acre, de 1 a 3 de dezembro de 2008. Organizado pela Comissão Pró-Índio do Acre (CPI/Acre), teve a participação de representantes de organizações indígenas de terras situadas na fronteira Brasil-Peru, de organizações do movimento social e de órgãos dos governos federal e estadual. Contou com a parceria da Assessoria Especial dos Povos Indígenas e da Biblioteca da Floresta Marina Silva/Fundação Elias Mansour, ambas do Governo do Estado do Acre, e o apoio da Rainforest Foundation (NRF-Noruega) e The Nature Conservancy.

O principal objetivo do seminário foi dar continuidade às discussões sobre as políticas oficiais de proteção dos povos indígenas isolados no Estado do Acre, bem como sobre os impactos dos projetos de desenvolvimento e das atividades ilícitas em curso na região de fronteira Acre-Ucayali sobre os povos indígenas que vivem em terras indígenas ali situadas. Buscou-se ainda, com base no diálogo entre lideranças indígenas e representantes de órgãos dos governos federal e estadual, reafirmar a necessidade de se avançar na construção de agendas e na implementação de ações para a garantia dos direitos dos isolados, a proteção dos seus territórios e a boa convivência nas terras indígenas hoje compartilhadas por isolados e os povos Kaxinawá e Ashaninka.

O seminário dedicou-se à atualização e à sistematização de informações sobre as políticas de desenvolvimento em curso no sudoeste amazônico, no Estado do Acre e na
fronteira Brasil-Peru, procurando suscitar reflexões a respeito das conseqüências que estas têm causado, ou podem vir a causar, sobre os modos de vida e os territórios dos isolados e dos demais povos indígenas que ali habitam.

Preocupação foi demonstrada pelas lideranças indígenas e pelas demais organizações presentes a respeito dos impactos ambientais, sociais e culturais agregados que resultarão de grandes projetos de infra-estrutura previstos nas agendas do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e da IIRSA (Iniciativa de Integração da Infra-Estrutura Regional da América do Sul) para o sudoeste amazônico.

Foram discutidos os significativos impactos que esse conjunto de políticas poderá trazer sobre o mosaico sociocultural e o rico patrimônio florestal no Estado do Acre, legados da ocupação imemorial dos povos indígenas, de um século de extrativismo, de trinta anos de mobilizações sociais e políticas públicas que resultaram no reconhecimento e na regularização de terras indígenas e unidades de conservação e de mais de uma década de institucionalização de um projeto político, o “Governo da Floresta”, oriundo de agendas dos “povos da floresta”, pautado na noção de “florestania” e num desenvolvimento que resulte no “empoderamento” das comunidades locais.

Essa preocupação ganha maior relevância, pois as conseqüências desse conjunto de políticas se somarão aos impactos hoje em curso nas terras indígenas e unidades de conservação situadas em ambos os lados da fronteira Brasil-Peru, como resultado de políticas favorecidas pelo governo peruano. A política de concessões madeireiras e a intensa atividade ilegal em curso resultaram, no lado peruano, em invasões e saques em reservas territoriais criadas e propostas para a proteção de índios isolados, em territórios de comunidades nativas e em unidades de conservação, com significativos prejuízos ambientais e graves violações dos direitos humanos. Nas imediações do Paralelo de 10°S, a atividade madeireira ilegal resultou, nos últimos dois anos, na migração forçada de índios isolados para terras indígenas situadas nas cabeceiras do rio Envira, no Estado do Acre. Conhecidos também são os impactos dessas atividades madeireiras ilegais no lado brasileiro da fronteira nos últimos anos, com freqüentes invasões na TI Kampa do Rio Amônea e no Parque Nacional da Serra do Divisor.

Mais recentemente, o governo peruano tem concedido vastas áreas de floresta para a prospecção e exploração de petróleo e gás, por prazos de até quarenta anos. Novamente realizadas sem qualquer consulta prévia, informada e de boa fé, aos povos indígenas e a outras comunidades de moradores da floresta, essas concessões resultaram em sobreposições com territórios de comunidades nativas, áreas de conservação e inclusive com reservas territoriais já reconhecidas para a proteção de índios isolados (caso das Reservas de Madre de Dios, Murunahua e Isconahua, situadas na fronteira com o Brasil) e outras propostas com a mesma finalidade.

O seminário também esteve direcionado à informação das lideranças das organizações indígenas sobre as ações realizadas pela Frente de Proteção Etnoambiental Rio Envira
(FPERE). A FPERE, que hoje conta com duas bases de vigilância (na foz do igarapé Xinane, no rio Envira, e na foz do rio D’Ouro, no alto rio Tarauacá), tem procurado garantir proteção aos povos isolados por meio da vigilância dos limites das terras a eles destinadas; do monitoramento dos isolados, com sobrevôos e expedições terrestres, para mapear seus padrões de habitação, territórios de uso dos recursos naturais e deslocamentos e estimar seu aumento populacional; da articulação com instituições dos governos federal e estadual; e da divulgação das ameaças aos seus territórios e modos de vida. Tem procurado, ainda, no alto rio Envira, dialogar com os povos indígenas que compartilham terras com os isolados e com os demais moradores do entorno, de maneira a fazer respeitar a legislação, os direitos dos isolados e inviolabilidade de seus territórios.

O Seminário também realizou um breve mapeamento da fronteira Acre/Brasil-Peru, a partir dos depoimentos de lideranças indígenas cujas terras estão localizadas na fronteira internacional e em suas imediações, com o objetivo de mapear como as dinâmicas fronteiriças têm repercutido em suas comunidades e territórios. Foi também objetivo deste momento fortalecer canais de diálogos entre a FPERE e as lideranças, visando viabilizar uma participação mais efetiva destas no delineamento de agendas de cooperação e no planejamento de futuras ações da Frente.

Dentre as reivindicações e propostas conclusivas do Seminário, estão:
A) Proteção dos índios isolados e seus territórios
B) Vigilância das terras indígenas e unidades de conservação na fronteira internacional
C) Políticas de desenvolvimento e “integração regional”
D) Prospecção e exploração de petróleo e gás

Com relação à esta última, Prospecção e exploração de petróleo e gás, as organizações presentes no Seminário afirmam:

"Alinhados com a posição assumida pela Associação Ashaninka do Rio Amônia (Apiwtxa) em agosto de 2008, externamos nossa indignação em relação à atuação da empresa brasileira Petrobras Energia Peru S.A. no Lote 110, em área sobreposta à Reserva Territorial Murunahua, destinada à proteção de índios isolados, e a territórios de outras comunidades nativas. Reafirmamos a posição de que a intenção da Petrobras de iniciar a prospecção e a exploração de petróleo e gás nesse lote constitui flagrante e condenável contradição com o discurso de responsabilidade socioambiental adotado pela empresa no Brasil e com a legislação que é obrigada a respeitar em nosso país."

A íntegra dos pontos destacados pelas lideranças indígenas em seus depoimentos, por regiões e terra indígena, as propostas e reivindicações, com base nas discussões levadas a cabo nos três dias de trabalho, junto com toda a memória do Seminário, poderá ser lida no Documento Final “ÍNDIOS ISOLADOS E DINÂMICAS FRONTEIRIÇAS NO ESTADO DO ACRE: POLÍTICAS OFICIAIS E AGENDAS FUTURAS PARA SUA PROTEÇÃO”, aqui.

Leia a íntegra do Documento final:
“ÍNDIOS ISOLADOS E DINÂMICAS FRONTEIRIÇAS NO ESTADO DO ACRE: POLÍTICAS OFICIAIS E AGENDAS FUTURAS PARA SUA PROTEÇÃO”

19/12/2008

"Danielle Mitterrand", retrato de arte

por Leblogtvnews.com*


No último dia 3 de outubro, foi apresentado na TV da França o Retrato de Arte de Danielle Mitterrand, um filme de Thierry Machado.

Thierry Machado salientou que tudo já foi dito, revisto, analisado, distorcido da vida de Danielle Mitterrand. Ele não teve outra ambição que não dar voz a essa mulher chamada e ouvi-la.

"O filme foi feito através do intercâmbio com Danielle e da sua disponibilidade para depor. É um retrato de uma mulher cuja vida foi assumindo um perfil elevado e que acaba por não ser conhecido", disse o diretor que a tem seguido por um ano.

Apresentação do documentário:

"É melhor conhecida como a primeira-dama da França, Danielle Mitterrand concordou rastrear o fio de uma vida cuja privacidade tem sido constantemente envolvida na história. O diretor Thierry Machado a seguiu por um ano, sem coerção. É descoberta em lugares que são caros (a casa da família Cluny, a rue Bièvre, Château-Chinon, LATCHÉ), durante a última campanha eleitoral para as eleições presidenciais e também no Brasil, com os índios Ashaninka. Mulher de compromisso, ela viaja o mundo incansavelmente em nome de sua fundação, France Libertés, exclusivamente para que os valores do dinheiro e do lucro sejam substituidos por valores humanos, da cultura, da solidariedade, do reconhecimento mútuo. "Dama de resistência, ela confessa sem enfeites, referindo-se aos acontecimentos marcantes da sua vida e do casal formado com François Mitterrand."

* Leblogtvnews.com, 03/10/2008. Leia o original em Francês, AQUI

Saiba mais sobre a visita de Danielle Mitterrand aos Ashaninka, aqui:
- Apiwtxa recebe recebe Danielle Mitterrand

17/12/2008

MPF/AC recomenda quebra de patente do sabonete de murmuru

por Fabiana Fonseca*

Produto é obtido a partir do conhecimento tradicional da comunidade indígena ashaninka, no estado do Acre.

O Ministério Público Federal no Acre expediu recomendação ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), para determinar a suspensão do pedido de patente relativo a formulação do sabonete de murmuru, obtido a partir do conhecimento tradicional da comunidade indígena ashaninka, do Rio Amônia, no Acre. A patente de nº PI0301420-7 foi homologada pelo proprietário da empresa Tawaya, Fabio Fernandes Dias, localizada na cidade de Cruzeiro do Sul.

De acordo com os ashaninka, a elaboração da manteiga de murmuru se deu mediante o acesso a conhecimentos tradicionais da comunidade, quando Fabio Dias realizava projeto de pesquisa e levantamento de produtos florestais em parceria com a organização não-governamental Núcleo Cultura Indígena, sediada em São Paulo. Ao final da pesquisa, decidiu implantar uma empresa de beneficiamento para produzir a manteiga de murmuru em escala industrial. Os índios forneceriam as sementes e teriam direito a 25% dos rendimentos obtidos pela empresa. Com isso, os ashaninka preocuparam-se em formar e capacitar a comunidade para exploração da castanha de murmuru de forma sustentável, sem que o conhecimento da fabricação do produto fosse externalizado. A empresa Tawaya funcionava, inicialmente, no Vale do Juruá, mas logo foi transferida para Cruzeiro do Sul, distante da área, impedindo a comunidade de participar da fabricação.

Os ashaninka sustentam que Fabio Dias não tinha a necessária autorização para patentear o produto. A Medida Provisória nº 2.186/2001, que diz respeito à proteção ao conhecimento tradicional das comunidades indígenas e locais, associado ao patrimônio genético, anota o reconhecimento pelo estado do direito dessas comunidades para decidir sobre o uso de seus conhecimentos tradicionais, reconhecidos como patrimônio cultural brasileiro.

"Essa recomendação objetiva resguardar os direitos e interesses dos ashaninka para fins de repartição de eventuais benefícios oriundos de produtos elaborados a partir de informações obtidas de seus conhecimentos tradicionais," afirma o procurador Fredi Everton Wagner.

* Fabiana Fonseca, Assessoria de Comunicação, Procuradoria da República no Acre. Leia a íntegra da matéria AQUI

15/12/2008

Marechal Thaumaturgo, Acre

Desafio de Marechal Thaumaturgo é gerar renda na floresta*

Marechal Thaumaturgo é mais um município acreano que não consta em nenhum mapa rodoviário do país, pois está situado em plena selva do Vale do Juruá, onde se chega apenas de avião ou depois de três dias de barco partindo de Cruzeiro do Sul. Assim como os municípios do Jordão, Santa Rosa e Porto Walter, também isolados na floresta, Thaumaturgo ainda representa muitos desafios aos seus administradores, principalmente com relação ao desenvolvimento de projetos econômicos de uso múltiplo florestal, que gere renda e empregos pra sua população rural.

Como isolado na selva, em pleno terceiro milênio, Marechal Thaumaturgo não tem a poluição, os engarrafamentos e outros problemas dos médios e grandes centros urbanos, mas ainda enfrenta dificuldades na saúde, no saneamento básico e na educação, apesar de já possuir universidade, presente em todos os municípios acreanos por significativa gestão política do governo estadual. Afinal, nem todos os estados brasileiros têm como já dispõe há alguns anos o Acre.

A exemplo de outros municípios isolados do estado, Thaumaturgo ainda depende principalmente da economia proveniente da administração pública para viver. A dependência do município com este setor é de 57,42%, a segunda maior entre os municípios acreanos. Sua renda é complementada em 30,90% pela agropecuária, em 8% pelo setor de serviços e em apenas 3,66 por pequenas indústrias, a maioria caseira.

No anuário “Acre em Números 2007-2008”, que reúne os últimos dados e estatísticas dos municípios acreanos, levantados por várias instituições públicas e privadas, não consta produção alguma de borracha no município, que possui cerca de cinco mil cabeças de gado, o terceiro menor rebanho do estado, detentor de mais de 2,4 milhões de cabeças.

Essa é a situação econômica que vai encontrar o novo prefeito eleito do município, o piloto de aviação particular e mecânico Randson Oliveira Almeida (PMDB), o Randinho, 28 anos, solteiro, ensino médio completo e natural de Tarauacá. Randinho terá a colaboração do vice-prefeito Maurício José da Silva Praxedes (PMDB), 43 anos, casado, atual vereador, ensino médio completo e natural de Cruzeiro do Sul.

Com uma área de 819 mil hectares, a sétima maior do estado, Thaumaturgo possuía no ano passado uma população de 13.061 habitantes, com apenas 3.238 pessoas vivendo na pequena cidade e 9.823 no meio rural, que é quase todo constituído de selva, o que confere ao município a segunda menor taxa de urbanização do estado, que tem 70,90% de urbanização.

A maioria dessa população é formada por ribeirinhos e por índios, que no município soma 1.165 indivíduos, o sexta maior população indígena do estado. Habitantes de 10 aldeias, os índios pertencem às etnias Arara, Arara Apolima, Jaminawa, Kaxinawá e os Ashaninka, os mais organizados do estado, que possuem até um centro de estudo de tradições indígenas, situado próximo à sede do município.

A taxa de analfabetismo é a terceira maior do estado, situando-se, em 2000, última medição do indicador, em 52,% de sua população de 15 anos ou mais de idade. O município conta com projetos de reforma agrária numa área total de 532,1 mil hectares, onde estão assentadas 1.648 famílias, o quinto maior contingente acreano.

A sua educação pode ser medida pelas condições estruturais de suas escolas, que em 2006 eram da ordem de 107, com todas dispondo de água tratada, 107 possuindo energia elétrica e 101 dispondo de esgotamento sanitário. No município, a cobertura do Programa de Saúde da Família abrangia em 2006 quase toda a população, principalmente na cidade, enquanto a cobertura média do estado era de 51,5%.

A despesa per capita com saúde em 2006 foi da ordem de R$ 262,95, a quinta maior do estado. No mesmo ano, a aplicação de recursos próprios no setor saúde foi da ordem de 20,91%, a segunda maior, superando os 15% estabelecidos pela Constituição para aplicação de recursos próprios dos municípios no setor.

Problema: IDH ainda é considerado muito baixo

A situação social do município foi medida em 2000 pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ordem de 0,533, numa escala de zero a 1, considerado o terceiro menor do Acre, que apresentou naquele ano o IDH de 0,697. O IDH de Thaumaturgo foi medido pelo IDH-R (de Renda) de 0,431, terceiro menor do estado (0,640); pelo IDH-L (de Longevidade) de 0,685, oitavo menor do estado (0,694; e pelo IDH-E (de Educação) da ordem de 0,483, terceiro menor do estado (0,757).

No ano passado, o município se beneficiou de dois cursos de capacitação de mão-de-obra, formando apenas 30 das 923 pessoas capacitadas do Acre para o mercado de trabalho. No mesmo ano, Thaumaturgo apresentou um consumo de 1,2 milhão de quilowatts/hora por 781 consumidores (quarto menor número do estado), tendo beneficiado mais 275 famílias com os 45,1 km de novas redes de energia que foram instaladas no município através do programa Luz para Todos.

Até o ano passado, o município dispunha apenas de quatro veículos, a terceira menor frota de veículos do estado, possuía 162 telefones fixos e 11 públicos, tinha uma emissora de rádio e apenas um posto bancário.

Em 2005, o Produto Interno Bruto (PIB) de Marechal Thaumaturgo foi R$ 37,6 milhões, sendo considerado o sexto menor do estado, que alcançou naquele ano o total de R$ 4,4 bilhões. No mesmo ano, o PIB per capita municipal chegou a R$ 4.452, o terceiro menor do Acre, da ordem de R$ 6.792,00.

A arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) foi de R$ 74 mil, o quinto menor entre os municípios, enquanto o repasse do mesmo imposto para o município foi da ordem de R$ 1,18 milhão, o menor do estado, compartilhado por outros 10 municípios acreanos. O município recebeu R$ 2,18 milhões provenientes do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), repassado pela União, tendo sido considerado o menor repasse do estado, apesar do mesmo valor ter sido repassado para outros oito municípios acreanos.

* Jornal A Tribuna, 14/12/2008

12/12/2008

A aldeia do cinema

por Thereza Dantas*

Fotos Divulgação A ONG Vídeo nas Aldeias lança coleção de DVDs com produções cinematográficas de três povos indígenas.

Se a arte é o reflexo das crenças e ideais de um povo, a ONG Vídeo nas Aldeias está nos proporcionando uma oportunidade única de entender a arte de diversos povos indígenas. Para a coordenadora da ONG Vídeo nas Aldeias, Mari Corrêa , uma possibilidade de derrubar mitos como a de uma visão pura da natureza. Para Mari “somos todos de uma cultura mutante”, que tem acesso a TV e outros aparatos tecnológicos, e para conhecer essa diversidade, acabam de lançar uma caixa com 3 DVDs, contendo seis filmes feitos por três povos indígenas: os Kuikuro, os Huni kuri e os Panará. Não são filmes antropológicos do ponto de vista de quem os faz, mas o público acaba reduzido, por preconceito e falta de informação, a estudiosos. Os filmes Cheiro de Pequi, O dia que a Lua menstruou, Novos tempos, Os cantos do Cipó, O amendoim da cutia e Depois do ovo, a guerra, são histórias tradicionais contadas com as novas ferramentas digitais.

A Ong Vídeo nas Aldeias, coordenada por Mari Corrêa e Vincent Carelli, tem como objetivo criar condições para que os realizadores produzam seus filmes de maneira autônoma. A série é fruto dessa longa relação, são 20 anos de atuação completados em 2007, entre a ONG e as populações indígenas envolvidas com o projeto. Além dos Kuikuro, os Huni kuri e os Panará, os Ikpeng, os Ashaninka e os Xavantes também já produziram filmes que serão lançados em 2009. Filmes feitos, prêmios recebidos (já contam mais de uma dezena de prêmios nacionais e internacionais), agora é a hora da “gente branca” assistir a essas obras que contam a nossa história.

Para falar um pouco dos filmes, dos realizadores e suas visões de mundo, a coordenadora Mari Corrêa, da ONG Vídeo nas Aldeias, nos concedeu (à Revista RAIZ) uma entrevista.

Leia a entrevista completa AQUI.

* Thereza Dantas, Revista RAIZ Cultura do Brasil, 11/12/2008

06/12/2008

A gente luta

Assista aqui a um trecho do filme A gente luta mas come fruta, de Bebito Ashaninka e Isaac Pinhanta.

04/12/2008

Cultivando a história

Foto: Sérgio Vale, Secom/Agência de Notícias do Acre*
O pequeno índio Ashaninka vive a tranquilidade do lugar onde habita seu povo. Ainda criança aprende os costumes e valores vividos e cultivados por seu povo, afinal, ele é um dos responsáveis em levar adiante os ensinamentos dos mais velhos.

* Foto: Sérgio Vale, Secom, Agência de Notícias do Acre, Imagem do dia, 04/12/2008

03/12/2008

Apiwtxa inaugura o blog "Saberes da Floresta"



Queridos Amigos,

Na data de hoje estamos, com muita alegria, inaugurando o blog Saberes da Floresta, do Centro Yorenka Ãtame Saberes da Floresta.

Nosso objetivo é o de tornar acessível, a todos, todas as informações geradas pela Apiwtxa especificamente sobre o nosso trabalho no Centro de Formação Saberes da Floresta Yorenka Ãtame.

Desejamos que esta seja mais uma ferramenta de proteção da floresta, dos povos indígenas, populações e conhecimentos tradicionais ligados à ela.

Abraços,
Benki Piyãko
Coordenador do Centro Saberes da Floresta Yorenka Ãtame

02/12/2008

Peru e Brasil discutem situação dos índios isolados

por Leandro Chaves*


Do dia 1 a 3 de dezembro acontece o seminário “Índios Isolados e Dinâmicas Fronteiriças no Estado do Acre: políticas oficiais e agendas futuras para sua proteção”, promovido pela Comissão Pró-Índio do Acre (CPI/AC). Lideranças e representantes de organizações indígenas discutem as políticas de proteção aos isolados e as ameaças que ocorrem em seus territórios como resultado de projetos e atividades extrativas (madeireiras e petrolíferas) na fronteira do Acre com o Peru.

Os objetivos do evento são informar às lideranças indígenas e aos agentes agroflorestais as ações realizadas pela Frente de Proteção Etnoambiental Rio Envira (FPERE) – órgão que cuida dos isolados; organizar informações sobre as atividades econômicas, legais e ilegais em curso na fronteira e os impactos que causam aos índios na região; e reforçar a comunicação entre a FPERE e as lideranças de povos que compartilham terras com os isolados.

Para falar da situação do lado peruano, o evento traz membros de associações indígenas e organizações socioambientais do Peru, como Edwin Chota, da Asociación de Comunidades Nativas Ashaninka-Ashenika de Masisea e Calleria (ACONAMAC), e Carlos Soria e Angela Tapia do Instituto del Bien Común (IBC). O seminário contará também com a fala do coordenador da FPERE José Carlos Meirelles e de lideranças de diversas terras Indígenas situadas na região de fronteira com o Peru.

O seminário faz parte do projeto “Proteção dos Povos Indígenas e Conservação da Biodiversidade na Fronteira Acre/Brasil-Ucayali/Peru”, desenvolvido pela CPI/AC desde 2005. O evento acontece em parceria com a Biblioteca da Floresta e é apoiado pela Assessoria Especial dos Povos Indígenas e pelas ONGs internacionais Rainforest Foundation Noruega e The Nature Conservancy.

As palestras acontecem pela manhã às 8 horas, e pela tarde, às 14 horas, no Centro de Formação dos Povos da Floresta da CPI-AC, localizado na Estrada Transacreana km 8, em Rio Branco.

* Leandro Chaves, Assessoria de Comunicação da CPI/AC, 02/12/2008

01/12/2008

Floresta: fonte de vida, fonte de sonhos

por Natureparif*


"Benki, o que salvou sua aldeia indígena na Amazônia". Assim, o título em Paris, em 21 de novembro, em torno de Benki Ashaninka, que chegou a Paris para mobilizar e testemunhar, com o apoio da France-Libertés e Natureparif, o desastre de perda de biodiversidade no oeste do Brasil, a área do Acre.

Ainda resta muito a ser feito como indicado na sua entrevista com VSD [aqui].

Desmatamento, biopirataria, a falta de água e os desequilíbrios do ecossistema são tragédias que comprometem não só a biodiversidade, mas também a sobrevivência das populações que vivem na floresta.

Grande testemunha do 26o Festival de Cinema de Meio Ambiente, incluindo Danielle Mitterrand, madrinha deste ano, Benki foi capaz de apresentar o filme produzido pelos próprios índios, dialogar com atores da cadeia florestal, interpelar os deputados membros da Assembléia Nacional, visitar com o presidente da Natureparif, Jean-Vincent Place, a floresta de Fontainebleau.

Uma semana cheia de questionamentos que, esperemos, levam a muitas outras iniciativas ... Que seja assim!

* Natureparif, Agência Regional pela Natureza e a Biodiversidade em Ile-de-France, 01/12/2008
Leia o original em Francês, AQUI